
a voz da palavra
Raimundo Cavalcante dos Santos nasceu em Muquém do Paramoti, à época, distrito de Canindé/CE, em 25 de abril de 1952.
Seus pais, no início dos anos 50, vieram embora para Fortaleza, mas Raimundo Cavalcante permaneceu lá no sertão por mais ou menos uma década de idas e vindas e lá bebeu e embebeu-se da cultura sertaneja em toda sua variedade.
Mais, por imposição dos estudos, teve que vir morar em Fortaleza. Estudou no Colégio Instituto Humberto de Campos, do Professor João Firmino de Sousa Filho. Este colégio tinha, aos sábados pela manhã, uma dinâmica Aula de Oratória, onde os alunos eram estimulados a adquirir desenvoltura no que dizia respeito à comunicação; onde a palavra era um instrumento preponderante, fosse em forma de poesia, canto, teatro e música.
Desde muito cedo, Raimundo Cavalcante mostrou-se vocacionado para as artes: desenha e já garatujava alguma escrita, construía e fazia apresentações de bonecos em empanadas em cantos de salas.
Mais tarde, preparado pelos professores Firmino e Neton, no inicio dos anos 60, prestou Exames de Admissão no Liceu do Ceará, que era uma espécie de vestibular exigido para ingresso ao Ginasial. No Liceu, permaneceu até ser expulso por consequência de uma das últimas greves de Liceístas contra o aumento das passagens de ônibus.
Ainda em meados dos anos 60, no Bairro Carlito Pamplona, ingressou no Grupo de Teatro Guadalupe, dirigido por José Rodrigues Newton que, entre outras peças, encenava, anualmente, por ocasião da Semana Santa, a PAIXÃO DE CRISTO. Também através de Newton, que era funcionário do Conservatório de Musica Alberto Nepomuceno e do CAD – Curso de Arte Dramática, Raimundo Cavalcante recebeu aula de artes plásticas e cenografia com o pintor maranhense João Figueiredo.
Em 1969, participou do seu primeiro “Salão de Abril”, onde teve um de seus trabalhos retirados da exposição pela censura por mostrar um Cristo Negro, que, segundo declaração do próprio autor, foi pintado por influência do espetáculo “Cemitério de Automóveis”, do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal. Também participou de uma edição do “Salão dos Novos” e, há poucos anos passados, por convite, expôs trabalho no “Salão do Senado”, em Brasília.
Ainda na década de 70, Raimundo Cavalcante trabalhou como desenhista, chargista, diagramador e escreveu colunas nos Jornais O Estado/CE, O Dia/PI e Tribuna da Bahia/BA.
Nos anos seguintes, Raimundo Cavalcante expôs em Fortaleza, Teresina, Salvador e São Paulo; escreveu e dirigiu peças teatrais. Como autor teatral, em 1984, teve a peça “Fábrica Ativa” selecionada para representar o Ceará no Festival Nacional de Teatro Amador, em Recife. Peça esta que foi espinafrada pela “classe”, que lhe deu o título de “Aprendiz de Socialista”. Porém, a peça foi redimida pela mestra Bárbara Heliodora (de saudosa memória), que, entre outros títulos, é uma reconhecida autoridade sobre Skakespeare.
Dos anos 70 a 90 manteve-se em permanente militância cultural: foi um dos fundadores do GROTA – Grupo Oasis de Teatro Amador; MOCUPI – Movimento de Cultura Popular do Pirambu; trabalhou como Assistente de Direção no filme “Cachorro na cabeça”, de João Filgueiras; foi um dos Diretores da ACARTES – Academia de Ciências e Artes, onde foi Coautor do Roteiro, Assistente de Direção e Ator no filme “Poço da Pedra”, de Gerardo Damasceno.
No ano 2000, foi detentor do Prêmio Osmundo Pontes, da Academia Cearense de Letras;
Em 2016, atendendo a convite do Poeta Gylmar Chaves, fez parte da Coleção Pajeú, publicada pela Secretaria de Cultura do Município de Fortaleza, para a qual escreveu um livro contando parte da história do Pirambu, livro este que o autor considera melhor que o seu “Viventes da Baixa da Égua”.